quinta-feira, 17 de abril de 2014

Milhões com medo e um satisfeito: Greve deixa população refém da candidatura Prisco a deputado estadual

A fórmula é exatamente a mesma: em ano de eleição, ele surge, dificulta as negociações com o governo e aproveita seu status de 'líder sindical' para inflamar a corporação em mais uma greve. Marco Prisco conseguiu novamente - e, agora, com nova roupagem. O presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares no Estado (Aspra), desconhecida em 2012, conseguiu ser eleito vereador naquele ano e, na última terça-feira (15), trocou o terno e gravata pelo colete à prova de balas, a fim de deflagrar a paralisação da PM. Mas, como dito anteriormente, a fórmula é a mesma: 

Prisco pavimenta sua campanha para deputado estadual em outubro e tenta dar um salto em sua carreira política. Por isso, a greve vem a calhar, uma vez que sua atuação na Câmara Municipal de Salvador tem sido tímida para quem se apresenta como líder de uma categoria tão importante e representativa quanto a dos policiais militares. Expulso do Grupamento dos Bombeiros Militares em 2002, Prisco desfruta de uma ascensão enorme como presidente. De soldado, passou a vereador - com um salário de R$ 15 mil, fora benefícios - e busca um aumento de R$ 5 mil se eleito deputado. Enquanto isso, você sente medo em casa.

8,5 mil homens do exército na rua
O general de Divisão Racine Bezerra Lima Filho, comandante da 6ª Região Militar do Exército, será o comandante da missão de lei e ordem no estado durante a greve. Segundo o militar, os 6 mil homens de sua região já estão a postos para preservar a segurança da Bahia, com Salvador como prioridade. Além disso, tropas de São Paulo, Recife, Aracaju e Fortaleza começaram a chegar à capital baiana na manhã da última quarta-feira (16), totalizando 8,5 mil servidores das forças armadas.

"Vamos nos distribuir pela cidade em função das necessidades, com o objetivo de trazer para a cidade uma situação de segurança. O efetivo vai variar em função da escalada desta situação, mas esperamos e temos fé de que essa situação se resolverá em curto prazo, preservando a boa imagem da Polícia Militar da Bahia, que é uma instituição secular e merecedora da confiança dos baianos e de toda a população brasileira", declarou Racine. O general destacou que parte do efetivo da PM continua trabalhando. "É importante considerar que, numa missão de garantia da lei e da ordem, a polícia não deixou de existir. Algumas organizações policiais militares permanecem trabalhando, e nós, nessa situação, assumimos a coordenação de todos esses agentes. Isso inclui não só a Polícia Militar, mas também a Polícia Civil da Bahia e a Polícia Federal, além de outros órgãos federais", explicou.

"Que arquem com as consequências"
Em entrevista coletiva na tarde da última quarta-feira (16), o governador do estado, Jaques Wagner (PT), afirmou que as associações policiais trouxeram, de última hora, reivindicações diferentes daquelas que haviam sido combinadas nas negociações entre as partes. E isso culminou na greve. "Ao invés de fazerem o que ficou combinado aqui, após a rodada de negociação, voltaram com outas sugestões que nos surpreenderam", falou. Wagner declarou que "os próprios policiais criam pânico" ao disseminar boatos de arrastões e ocorrências pela cidade. Perguntado sobre quais punições os policiais podem sofrer, o governador não deu detalhes, mas deixou claro que haverá resposta baseada na lei. "Acho que alguns podem sofrer punições administrativas ou exonerações", declarou. "Não vejo nenhum sentido de falar na palavra anistia. Quem se sentir prejudicado pode se assegurar na lei", completou. Por fim, Wagner reiterou que os PMs serão punidos. "Tomo as minhas decisões e arco com as minhas consequências. Eles tomaram a decisão deles. Que arquem com suas consequências", disse.

Cidade vazia e medo de saques
Salvador se tornou uma cidade fantasma já no início da tarde de quarta-feira (16), quando grande parte dos estabelecimentos comerciais, assim como bancos, liberou seus funcionários e fechou suas portas. Além disso, assim como aconteceu ao longo do dia em que foi declarada a greve, as redes sociais serviram de amplificadoras de informações -muitas delas boatos - sobre roubos e assassinatos supostamente realizados na capital baiana. Os casos começaram já na noite de terça, com um saque à Cesta do Povo do Vale do Ogunjá. Fechados por conta da greve, outros supermercados e lojas de departamento também sofreram ações de bandidos. Imagens de saques a lojas na Liberdade também foram divulgadas por meio das mídias sociais.

Poucos ônibus e em tempo reduzido
Na tarde de terça-feira (15), o Sindicato dos Rodoviários prometeu: se a PM parasse, eles também parariam. Uma vez determinada a greve na segurança, a categoria recuou e decidiu circular apenas de 5h às 18h. Apesar disso, o que se viu foi um número muito reduzido de ônibus durante todo o dia. Para completar a caótica situação, diversas empresas de transporte recolheram seus veículos ainda durante a tarde de quarta.

Jornal da Metrópole no dia 17 de Abr de 2014

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