segunda-feira, 14 de outubro de 2013

"Eu peço que ela reflita sobre o que ela fez", desabafa mãe de irmãos mortos em Ondina durante passeata

Mãe dos dois jovens, no centro, se emociona durante o sepultamento

Mais de duas mil pessoas se reuniram em uma caminhada pela paz na tarde deste domingo (13), no bairro da Barra. Parentes, amigos e pessoas que sequer conheciam os irmãos Emanuel, 21 anos, e Emanuelle Gomes, 23, participaram ontem da passeata entre o Farol da Barra e Ondina, onde morreram as vítimas. A mãe dos irmãos, visivelmente emocionada, foi amparada por amigos durante todo o trajeto. "É um sentimento de dor, de dilaceramento, de sentimento que não tem como expressar... De mãe que foi morta aos poucos", desabafou Marinubia Gomes em entrevista à TV Bahia. "E acima de tudo [um sentimento] de revolta porque isso acontece todo dia, e amanhã o trânsito vai continuar assim. Todo mundo sabe que ele deu um toque no vidro e falou assim 'ei, você me ultrapassou' e ela perseguir e matar meus filhos..."
Na última sexta-feira, a motocicleta em que estavam foi atingida pelo carro dirigido pela médica Kátia Vargas Leal Pereira, 45. Segundo a Polícia Militar, o ato reuniu duas mil pessoas, que foram prestar solidariedade à família e cobrar justiça. A partir dos depoimentos de testemunhas e das imagens de câmaras de segurança, a Polícia Civil vai indiciar a médica por homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar).

"Eu mando esse recado a essa pessoa que diz que é médica... médica que tira vida... Eu peço que ela reflita o que ela fez", disse Marinubia. "Quem vai dizer se ela fica presa, quem vai dizer se ela fica solta é a Justiça. Mas eu peço que ela faça uma reflexão, ela tirou a vida de Emanuel e Emanuelle, meus dois pintinhos... ".
A namorada de Emanuel, Mainá Schirnhofer, 20 anos, também buscava compreender a tragédia: "Eu queria ele de volta, mas como não tem como, a gente só pede justiça", disse. Participaram do protesto cerca de 200 motociclistas e pelo menos 100 surfistas que pegavam onda com Emanuel na praia da Barra.

“Era um filho perfeito, não tinha problemas com bebida ou cigarro, só queria saber da natureza”, lembrou a mãe. O policial militar Rondinelle Barbosa, o primeiro a chegar ao local do crime na sexta, foi dar um abraço em Marinúbia. Ele lembra que, imediatamente após o ocorrido, diversas pessoas se apresentaram como testemunhas para relatar a discussão que a médica teve com o Emanuel momentos antes de seu carro, um Kia Sorrento, atingir a moto.

“Ao perceber que se tratava de um crime, tentei preservar o máximo a cena do crime. Só quando cheguei em casa é que a ficha caiu, não consegui dormir”, recordou o PM. O ato acabou com os manifestantes de mãos dadas rezando um pai-nosso em frente ao poste em que a moto colidiu. No local, foram depositadas flores e cartazes em memória das vítimas. O CORREIO não conseguiu contato com o advogado de Kátia, Vivaldo Amaral — durante todo o dia, o celular estava desligado. A médica permanece internada no Hospital Aliança sob custódia policial. 

Discussão 
O acidente ocorreu por volta de 8h desta sexta-feira (11). Emanuel, que completaria 22 anos na terça-feira (15), trabalhava como modelo, assim como a irmã, que também cursava Direito. Ele levava a irmã ao aeroporto. 
Médica seguiu moto em alta velocidade; acidente matou dois irmãos

Antes de bater no poste, a moto em que a dupla estava, uma Yamaha XTZ (placa NTQ-8040), foi atingida por um Kia Sorento branco (placa NZK-6668), guiado pela médica oftalmologista Kátia Vargas. De acordo com a delegada Jussara Souza, titular da 7ª Delegacia, a médica será indiciada por homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar alguém).

A delegada se baseia em imagens de câmeras de segurança que filmaram o acidente. Segundo Jussara, a médica dirigia em alta velocidade, o que provocou uma discussão com Emanuel, que chegou a bater com o capacete no capô do Sorento. Em seguida, ainda de acordo com a delegada, Kátia saiu em perseguição à moto, o que acabou gerando um toque. Então, Emanuel perdeu o controle e terminou batendo direto no poste. Ele e irmã morreram na hora. 
Moto bateu em um poste em frente ao Ondina Apart Hotel. Irmãos morreram na hora

Imagens
As imagens analisadas pela delegada confirmam o depoimento de quem viu o acidente. De acordo com testemunhas, a motocicleta havia sido fechada pelo Sorento na esquina da Rua do Escravo Miguel com a Avenida Oceânica, antes mesmo da primeira colisão. O lavador de carros Maurício França de Jesus assistiu à cena. Segundo ele, após a fechada, Emanuel e Kátia discutiram. “Ela fechou a moto, daí começaram a discutir. Ela deixou ele acelerar e depois bateu nele por trás. Depois ela saiu bambeando com o carro e bateu”, disse Maurício. Sem se identificar, um taxista disse que ambos furaram o sinal em alta velocidade. “Ele bateu no capô do carro, na certa para dizer que ela estava errada, e ela acelerou. Pelo visto, ela perdeu o controle, pegou na moto e eles foram direto no poste”.

Funcionários do Ondina Apart Hotel, também pedindo anonimato, contaram que Kátia chegou a entrar na contramão depois que a moto bateu no poste. “Ela jogou o carro na contramão, ia bater com outro carro, então fez a volta e jogou o carro em cima da calçada”, contou um funcionário. Segundo ele, a médica frequentava uma academia no apart. O aposentado Antônio Tabajara, 72 anos, que costuma sentar diariamente em frente ao portão onde Kátia bateu, disse que escapou por pouco. “Eu ouvi a pancada, mas não tive perna para levantar. Por pouco, não fui atingido”, contou. Segundo Tabajara, a médica saiu do carro andando e demonstrava estar muito nervosa.

Veja o vídeo que mostra o momento em que a médica persegue a dupla:

2 comentários:

  1. ela tem que pagar pelos erros cometidos, foram 2 vitmas q perderam a vida. muito triste, q Deus dê força a essa famililia

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  2. Cometeu um CRIME, o de ASSASSINATO! que se faça justiça a quem arrancou de forma estúpida a vida de dois jovens e a quem está fazendo uma mãe sofrer. Que isso sirva de lição pra ela e pra muitos nervosinhos de plantão.

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