sexta-feira, 23 de agosto de 2013

SIEMENS APONTOU PROPINAS TAMBÉM EM ENERGIA E SAÚDE


O esquema de propina a autoridades do governo de São Paulo e do Distrito Federal não se limitava ao setor de transporte sobre trilhos, de acordo com denúncias da Siemens. A multinacional alemã, que revelou práticas de corrupção em licitações do Metrô e trens, também apontou formações de cartel em outras duas áreas pelas quais a empresa trabalhava diretamente com o governo.
"Esse tipo de prática não é privilégio da divisão de transportes. Elas também são comuns nas áreas de transmissão e distribuição de energia, geração de energia e na divisão de sistema de saúde, que trabalham com empresas públicas", diz o trecho de uma carta anônima enviada de um ex-executivo ao ombudsman da companhia, na Alemanha, e a autoridades brasileiras.
Datada de junho de 2008, a carta de cinco páginas, 77 tópicos e seis anexos, como revela reportagem do jornal O Estado de S.Paulo desta sexta-feira 23, levou a investigações sem precedentes no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Os investigadores concluíram que a rotina denunciada no documento envolve fraudes em concorrências públicas e pagamentos de propinas a autoridades brasileiras.
"É impressionante observar que, apesar de todos os escândalos e consequências para toda a companhia, a Siemens Brasil continua pagando propinas no Brasil para conseguir contratos lucrativos", diz ainda o denunciante. Em São Paulo, a Siemens tem diversos contratos com a Cesp, do setor de energia. Mas há também negociações com empresas de outros estados, como Furnas, Chesf e Eletronorte, controladas pela Eletrobras.
Para os investigadores, não há dúvidas sobre a veracidade das denúncias, uma vez que outras informações reveladas na carta foram confirmadas por seis ex-executivos da Siemens que firmaram um acordo de leniência com o Cade em maio desse ano. Além do cartel nos transportes, o Conselho apura possível violação à competição no setor energético, investigação instalada em 2006 e não concluída. A formação de cartel na venda de transformadores de distribuição de energia elétrica teria causado prejuízo de ao menos R$ 1,7 bilhão a empresas públicas do setor entre 1988 e 2004.
Apesar de não citar nomes de políticos ou esferas de governos, a tese de que seria praticamente impossível o governo estadual não saber de fraudes em compras bilionárias se mantém em outras áreas, além dos trens. No caso das denúncias sobre o setor de transporte, o governador Geraldo Alckmin garantiu que nada sabia e fez questão de frisar que o Estado é "vítima" caso seja comprovado o cartel. Será que ele e seus antecessores tucanos não sabiam também das práticas nos demais setores denunciados pela Siemens?

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